segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Algumas questões sobre o tema avaliação

Esse texto foi retirado do livro de Física - dos autores Aurelio Gonçalves Filho e Carlos Toscano - editado pela Editora Scipione.

" O deslocamento do tema da avaliação para o centro das preocupações na educação escolar vem trazendo vários desafios aos ( às ) professores ( as ) de todos os níveis escolares, embora em cada um haja especificidades que não podem ser esquecidas.
  Em razão desse deslocamento, várias outras questões passaram a um aparente segundo plano, dando a sensação de que haveria certa autonomia da avaliação em relação a outros aspectos que envolvem o ensino e a aprendizagem escolar. Isso acabou provocando iniciativas de palestras, cursos, textos sobre esse tema, analisado de modo isolado das diferentes áreas de conhecimento. Por isso, tais iniciativas proporcionaram relativamente poucas mudanças às atividades em sala de aula.
  Todos sabemos que a prática de provas escritas foi-se colocando, de forma silenciosa, mas contundente, como a maneira privilegiada de avaliação dos conhecimentos  nas diferentes disciplinas. Tornou-se, dessa forma, uma espécie de paradigma da avaliação, principalmente no ensino médio. Em Física essa prática adquire, geralmente, a forma de uma espécie de lista de exercícios que envolvem cálculos matemáticos.
  Particularmente quando se pensa no ensino de Física, esse quadro tem sofrido pouca alteração. As poucas iniciativas nessa área, principalmente alguns projetos que tematizam o ensino da disciplina, ainda não mudaram decisivamente esse panorama geral.
  Nesse contexto, pensar a avaliação em cursos de Física é um grande desafio, que gera muitas angústias, conforme temos verificado em cursos de formação continuada dos quais vimos participando nos últimos tempos.
  Se admitimos que a atividade se dá em processo, isto é, não é algo que ocorre de súbito, de uma única vez, nem como um todo único e indissolúvel, então precisamos adequar a avaliação a esse entendimento.
  É preciso considerar que no ensino médio os estudantes já estão num grau avançado de sua formação pessoal e escolar, e que, na escola, diferentes culturas  e formas de expressão são postas em contato e interagem.
  Por isso, nosso trabalho como professores ( as ) de Física, e o de professores ( as ) em qualquer área de conhecimento, implica, por um lado, um constante esforço no apontamento dos significados para que sejam aprendidos pelos ( as ) nossos ( as ) alunos ( as ) na descrição e interpretação de fenômenos e também nos problemas a eles associados. Por outro lado, como esse aprendizado é um processo, as sucessivas avaliações desse percurso precisam também levar em conta essa característica processual, como também as condições de sua ocorrência.
  Essa complexidade pode ser inicialmente enfrentada se as formas e os instrumentos de avaliação forem diversificados, o que acarreta a correspondente diversificação na maneira de ensinar Física.
  Com a presente obra, gostaríamos de contribuir com sugestões de avaliação que permitam aperfeiçoar o já feito, corrigir rumos e, se for necessário, fazer melhor.
  Se valorizarmos a leitura do texto e sua questão inicial, precisaremos pensar em formas de obter retorno dos ( as ) alunos ( as ) para ter elementos de avaliação no processo. Como exemplos, podemos solicitar a elaboração de questões com base na leitura.
  As questões e dúvidas que surgem e impedem aos ( as ) alunos ( as ) de resolver exercícios raramente são visíveis e, assim, dificilmente podem ser trabalhadas ou discutidas. Para evitar isso, elas poderiam ser valorizadas e abordadas com a turma quando sua ocorrência atingisse um grupo maior de alunos ( as ).
  A leitura e discussão de textos, quando organizadas na forma de trabalho em grupo, com alguma forma de comunicação dos resultados obtidos para a classe, também fornecem elementos do processo de ensino e aprendizagem.  A seção Texto e Interpretação pode constituir um estímulo nessa direção : as respostas e suas questões podem também ser cotejadas pelos grupos, e suas nuanças, analisadas.
  Sabemos que os ( as ) alunos ( as ) aprendem muito quando se envolvem em : atividades que promovem a troca de pontos de vista. Mesmo as listas de exercícios podem proporcionar esse debate quando desenvolvidas como atividade em grupo e com o compromisso de compartilhamento do processo de resolução e dos resultados obtidos, o que inclui a apresentação das dificuldades encontradas.
  Os projetos também podem contribuir para maior proximidade entre os ( as ) alunos ( as ) e destes ( as ) com o ( a ) professor ( a ) nos momentos de orientação e acompanhamento. Desse modo, certamente o processo de avaliação será enriquecido e a compreensão do processo de aprendizagem dos ( as ) alunos ( as ) ganhará novos contornos.
  Acreditamos na produção individual em suas diferentes formas, por isso não excluímos, em um conjunto de diferentes formas de avaliação, a possibilidade de provas individuais, posteriormente analisadas e comentadas por todos os envolvidos.
  Todo momento em que se favorece a reflexão e a produção pode tornar-se importante na construção de um percurso consistente de ensino e apredizagem, fornecendo ricos elementos para sua compreensão.
  Uma auto-avaliação, envolvendo alunos ( as ) e depois professores ( as ), pode permitir que reflitam sobre o percurso realizado, tornando mais viáveis os significados produzidos. realizada de forma oral ou escrita, revela o que mais sensibilizou o ( a ) aluno ( a ), o que ele ( a ) não conseguiu aprender e que caminhos podem ser seguidos para melhorar o trabalho e o desempenho. "

Não é necessário que o educando seja do ensino médio para que se aplique a metodologia do texto e interpretação, a alguns anos atrás fiz essa experiência com alunos ( as ) do 6º ano, no primeiro bimestre realmente foi um pouco complicado pois nossos educandos não estão acostumados a ler, quanto mais ler e interpretar essa leitura, mas nos três bimestres posteriores eles próprios procuravam material extra dentro do conteúdo de Ciências para trazerem para sala de aula para uma discussão, as aulas nesse caso eram enriquecidas tanto com o conteúdo didático quanto com a vivência diária deles.
Em relação aos projetos, nada como o educando vivenciar o conteúdo de Física através de experimentos que comprovem a ele que o texto escrito é apenas uma linguagem simbólica do fenômeno físico, por esse motivo gosto muito de trabalhar em laboratório ( quando a escola tem laboratório ), caso esse espaço não exista nós o criamos utilizando todo o espaço físico disponível do colégio. Agora temos uma modalidade de avaliação excelente que sai da avaliação individual e coloca o educando em um trabalho real de pesquisa do conteúdo que é a webquest, muito útil para os educandos do ensino médio, porém podendo ser usada também com o fundamental.
Assim sendo a questão da avaliação passa a ser um processo de avaliação do próprio docente quanto a qualidade de seu trabalho, aplicar lista de exercícios ou fazer o educando vivenciar a realidade da disciplina.
   
 

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